
Um carnaval de cinema! Literalmente foi o que aconteceu no Brasil na noite do domingo de 02/03/2025. Uma euforia, um tsunami de emoção varreram as ruas, as casas, os bares, os teatros, os locais públicos ou não, Brasil afora. Como se fosse um gol de título de copa do mundo, o anúncio da conquista do Oscar 2025, como melhor filme estrangeiro, com “Ainda estou aqui”, produziu uma enorme comemoração nacional. O carnaval, a maior festa de rua do país, se rendeu ao cinema nacional. A arte, a cultura, o cinema, a sétima arte, superou todas as expectativas e resgatou o orgulho de ser brasileiro. Demonstrou ao mundo todo o potencial artístico cultural que o povo brasileiro possui em suas veias e como que um representante nacional, Walter Salles cruzou o tapete vermelho e foi com o coração, as mentes e todas as mãos tupiniquins receber a estatueta de ouro do cinema mundial.

O Oscar é sim um prêmio importante, mas muito mais para os norte-americanos, pois é um prêmio criado pela sua indústria cinematográfica, para a produção nacional norte-americana. Porém, um filme brasileiro, em língua portuguesa alcançar este feito, é algo de uma simbologia incrível, ainda mais por se tratar da narração de um enredo real, vivido e sofrido por uma mulher, que viu a história de sua família ser dilacerada, por uma ação truculenta, violenta e injusta, realizada sob o comando de uma ditadura militar.
Para além de resgatar e elevar a autoestima, o orgulho e a esperança do povo brasileiro, o filme de Walter Salles libera o poder democrático existente na sociedade tupiniquim. A obra cinematográfica faz reverberar a sede de justiça e a gana de resistência de uma família, retratada na matriarca Eunice Paiva, que teve que suportar o sumiço de seu marido, Rubens Paiva, e transformar a dor em resiliência para uma luta contra a crueldade de um sistema que não poupava atrocidades no combate a qualquer manifesto de pensamento antagônico ao do governo.

O prêmio de “Ainda estou aqui” acontece em um momento de transição de um governo que implantou a semente da discórdia, da mentira, do ódio, da caça à cultura e de tudo aquilo que possa representar a liberdade intelectual do povo brasileiro, para um tempo de produção artística nunca visto em nosso país.
A vitória do cinema brasileiro, representada por esta obra, pode ser um marco divisor de águas, pois coloca o Brasil em evidência mundial e alavanca a produção cinematográfica, estimulando o surgimento de novos profissionais dessa área, quanto proporciona o olhar de investidores para o cinema nacional.
A cultura no Brasil é uma fonte inesgotável de talentos em todas as áreas, não somente na cinematografia, e esta conquista atual, dá fôlego para a busca por mais investimentos na área artística, para que os governos nos três níveis, federal, estadual e municipal, e o setor privado, possam enxergar toda a potencialidade de retorno financeiro, intelectual, educacional, social e democrático que a arte pode oferecer de retorno ao estado e à sociedade.
Por estes motivos é necessário que esse Oscar seja um símbolo da democracia, da luta por melhores condições de trabalho, não somente na área artística, mas em todos os setores produtivos do país, que também reverbere na disposição de seguir uma luta por uma sociedade mais justa, igualitária, sem preconceitos, sem discriminação racial, social, cultural e econômica. Que a arte traga luz para as batalhas que vamos ter que enfrentar, pois é preciso dar um jeito nesse país e não vamos deixar que esqueçam que “ainda estamos aqui”, “caminhando, cantando e seguindo a canção, aprendendo e ensinado uma nova lição”, a necessidade de implantar no Brasil uma inesgotável sessão cinematográfica de democracia.
Viva o cinema nacional!

Por Elmo Sebastião – O Maior Anão do Mundo!