“Mussum o Filmis” é um filme brasileiro dirigido pelo ator e diretor Silvio Guindane, no elenco como “Mussum”, interpretado de forma magistral, o ator Ailton Graça. O longa presta uma homenagem ao icônico humorista Antônio Carlos Bernardes Gomes, mais conhecido como “Mussum”. O filme retrata sua vida e carreira, a infância e a importância da mãe em sua vida e do grupo musical “Originais do Samba” do qual foi integrante. O grupo foi muito popular no Brasil, inclusive internacionalmente, realizando turnês pela Europa na época de seu auge. Mussum permaneceu no grupo Originais do Samba até se tornar um dos integrantes mais querido e carismático da trupe “Os Trapalhões”.

Uma das características marcantes de “Mussum o Filmis” é a tentativa de capturar o humor e o carisma de Mussum, que conquistou o público com seu jeito descontraído, seu sotaque peculiar e suas histórias engraçadas. O filme busca mostrar tanto o lado cômico quanto o lado mais pessoal e humano de Mussum, explorando suas origens, desafios e conquistas ao longo de sua trajetória.

Além disso, o filme também aborda a importância de Mussum na cultura brasileira, destacando sua contribuição significativa para a comédia e sua influência duradoura, tornando-se hoje uma figura pop icônica.

Mussum começou sua carreira como músico, sendo um dos fundadores do grupo “Os Originais do Samba”. No entanto, foi como comediante que alcançou grande reconhecimento e popularidade. Sua participação nos Trapalhões, ao lado de Renato Aragão, Dedé Santana e Zacarias, levou o grupo ao auge do sucesso nas décadas de 1970 a 1990. Seu personagem no grupo, era conhecido por sua habilidade em contar piadas, seu jeito descontraído e suas expressões divertidas, como “cacildis” e “forevis”. Sua atuação carismática e espontânea conquistou o público brasileiro, tornando-o um dos favoritos dos fãs dos Trapalhões.

Além de seu trabalho nos Trapalhões, Mussum também participou de outros projetos, como filmes solo, programas de televisão e shows de comédia. Sua presença cômica e seu talento musical foram características marcantes ao longo de sua carreira.

Silvio Guindane divide seu personagem principal e sua narrativa em três grandes momentos da vida do protagonista: a infância, a entrada na vida adulta e a consolidação enquanto artista.

No primeiro momento, apresenta-se a relação do menino Antônio Carlos (Thawan Lucas) com sua mãe Malvina (personagem interpretada pela, sempre ótima atriz, “Cacau Protásio”) – algo que permeia o filme em sua totalidade. Guindane constrói um ambiente leve e sutil, fazendo do pequeno casebre de Malvina e seu filho um lugar acolhedor. Há uma dinâmica de cenas pautada pelo humor inocente do ainda jovem Mussum e pela presença impressionante da mãe – nesta primeira parte, a atriz Cacau Protásio ganha destaque por seu apurado senso de humor e entrega dramática pontual. Aqui, uma cena ganha destaque: quando Antônio Carlos inicia suas aulas no colégio, muito do que aprende divide com sua mãe. Então, decide ensiná-la a escrever seu próprio nome para conseguir assinar documentos. A cena em questão revela o potencial de atuação da atriz Cacau em uma cena dramática; sua atuação, entre o encanto quase infantil de poder se reconhecer no papel e o choro embargado de quem nunca pode assinar o próprio nome é um dos pontos altos do filme. O sorriso de Malvina ao escrever seu nome é de uma espontaneidade natural, aproximando a personagem do espectador.

Thawan Lucas (Mussum criança) com Cacau Protássio (mãe de Mussum)

No segundo momento do longa, o humorista Yuri Marçal assume a função de dar vida a Antônio Carlos já em sua maioridade, oficial no exército, quase na idade adulta. Neste momento, somos brindados com os primeiros nuances do artista Mussum – já atuante no samba, ele e sua banda ganham destaque no cenário carioca, principalmente por parcerias como, por exemplo, Elza Soares. Aqui, Silvio Guindane já apresenta a faceta humorística de Antônio Carlos – A atuação de Marçal e seu trabalho corporal se destaca quando o assunto é fazer rir e já percebemos, nesse momento, os primeiros lapsos de gags de humor corporal assumidas pelo personagem Mussum. Nessa etapa de vida do personagem, surgem os primeiros embates de sua vida adulta, entre a carreira militar e um possível sucesso na carreira musical enquanto ocupação profissional.

Se no primeiro momento do filme o diretor apresenta a vida de Mussum com leveza, nesse segundo segmento percebemos mais rigidez formal por parte do roteiro e direção; como se a parte lúdica da vida tivesse encerrado, dando vez à seriedade da vida adulta.

Yuri Marçal (Mussum na sua juventude)

Então chegamos ao terceiro momento do filme, em cena agora, Aílton Graça, numa escolha certeira para interpretar Mussum em sua vida adulta. Já estabelecido e reconhecido no cenário musical, novos desafios são apresentados a Antônio Carlos: estar com seu grupo de samba ou compromissos da vida de ator – no início trabalhando para Chico Anysio e, depois, em Os Trapalhões. Aílton é uma presença dominante da cena e é dono absoluto de todo o longa. Seu feeling humorístico é tamanho que a tomada das cenas parece nunca querer tirar o foco do ator; cada momento de sua atuação é uma performance valiosa. Toda a transformação corporal do ator e sua forte presença são impressionantes. No drama, ele se sobressai, conseguindo apresentar os lados mais obscuros do humorista Mussum – como o medo de perder a mãe e seu problema com o álcool.

O final do filme traz ao espectador, como a arte salvou Mussum – e ainda salva vidas de crianças negras das periferias do país. A arte, não somente fez parte da vida de Antônio Carlos Bernardes Gomes, foi a responsável em apresentar ao mundo um talento único.

Mussum, o Filmis é uma sensível viagem à vida de Antônio Carlos, ao mesmo tempo que apresenta como foi construída a carreira de Mussum enquanto personagem. Guindane, além de dosar inteligentemente os nossos mais sinceros e espontâneos risos às mais tristes lágrimas, consegue também apresentar ao longo do filme como as adversidades da vida, não apenas transformaram a pessoa Antônio, como ajudaram a construir a identidade do icônico personagem Mussum.  

A influência de Mussum na cultura pop brasileira é evidente até hoje. Seu estilo de humor e suas expressões se tornaram ícones da comédia nacional, sendo frequentemente imitado e referenciado. Mesmo após sua morte, em 1994, seu legado continua vivo, e é considerado um dos maiores humoristas do país.

Mussum deixou uma marca indelével, com seu talento, carisma e contribuição para a comédia. Sua influência e legado continuam a inspirar gerações de artistas e a divertir o público brasileiro.

Ficha Técnica:

Mussum, o Filmis – Brasil, 2023
Direção: 
Sílvio Guindane
Roteiro: Paulo Cursino
Elenco: Aílton Graça, Yuri Marçal, Thawan Lucas, Neuza Borges, Cacau Protásio
Duração: 115 min

Para ler esta e outras matérias de Andréia Oliveira, da Coluna Sala de Cinema, acesse o link abaixo. Espero vocês! Até lá e arte na vida sempre!

Mussum, O filmis estreou nas salas de cinema em todo o Brasil no dia 05 de outubro de 2023.

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Confira abaixo o trailler de Mussum o filmis:

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